O professor António Sampaio da Nóvoa, nesta entrevista concedida há quatro anos, afirmou que a escola iria enfrentar um processo de metamorfose profunda nos próximos anos, destacando a sua dimensão social e humana e fazendo uso do seu potencial de transformação, apesar do tradicional peso de todo o aparelho educativo, acompanhando as transformações sociais e tecnológicas atuais.
Para que essa transformação aconteça, afirma o professor, é necessário que se aposte fortemente nas tecnologias e nos principais agentes educativos, os professores, considerados absolutamente insubstituíveis.
Salienta, ainda, o professor, que é necessária uma mudança na prática lectiva de todos os docentes, de modo a abrir o processo educativo à comunidade, destacando a importância do trabalho colaborativo e do respeito pela individualidade de cada aluno.
O novo papel do professor é o de encaminhar/orientar os seus alunos, ajudando-os a navegar pelas águas agitadas deste mundo em evolução frenética. O seu sucesso mede-se pela capacidade de fazer com que os alunos acabem os seus estudos a gostar de algo de que, no início, não gostavam, de acordo com o filósofo francês Alain.
Ao longo da sua entrevista, Sampaio da Nóvoa destacou a importância das TIC em todo o processo educativo, do trabalho/apoio entre pares, tanto de docentes como de discentes.
Destaco, também, a rejeição de questões dicotómicas, sendo necessário um equilíbrio entre a emoção e a razão na educação para a construção duma sociedade equilibrada. Na escola não há lugar para fundamentalismos.
Segundo as suas palavras, os professores vivem atualmente muito assustados devido às enormes exigências a que são constantemente sujeitos e à falta de condições adequadas para a realização do seu trabalho. Exige-se às instituições responsáveis pela educação nacional que olhem de outra forma para a Escola e para os agentes educativos, visto não haver algo mais importante para a formação das futuras gerações do que os professores.
Encerro com uma citação do professor, “Não há nada que substitua um bom professor”, com a qual concordo plenamente. Acrescento, apenas, que a minha visão da educação é absolutamente coincidente com a do professor António Sampaio da Nóvoa. Pela minha parte, tudo tenho feito desde que iniciei a minha prática lectiva, há trinta anos, estando sempre na vanguarda da utilização das ferramentas digitais com fins educativos, da partilha de experiências e materiais, de saberes, abrindo o “meu ensino” a toda a comunidade e ao mundo, apesar de todos os constrangimentos que o peso da máquina educativa sempre têm colocado.