“Perigosamente ideológico” - Foi assim, com duas palavras, que um amigo me definiu, quando, pela primeira vez, nos encontrámos pessoalmentes, depois de trocarmos pensamentos e comentários, no Fediverse, por mais de um ano.
Achei interessante, correcta, a definição.
Pedi que me esclarecesse sobre o que queria dizer.
Que sou uma pessoa consciente e tenho cultura política, informou-me.
Concordo, não podia concordar mais! Aliás, detesto gente inconsciente e sem cultura política!
Atenção, eu disse “política”, não “partidária”! Estas duas palavras representam conceitos que são, na maioria das vezes, completamente antagónicos.
Ser-se político é ter opinião fundamentada em valores, é questionar, é lutar pelo bem-estar da sua comunidade, mas não às custas do bem-estar das outras!
Ser-se partidário… Bem, aí entramos no campo do egoísmo, da cor do cartão, da ideologia do partido, defendendo as suas virtudes e os seus defeitos, sem ouvir os outros e sem fazer algo para os corrigir. É ser-se cego…
Porém, hoje, tudo se confunde. Tudo se parte, divide, a favor da confusão. Divide-se para reinar. Lembram-se?
Voltando ao início, sou “perigosamente ideológico”.
Isso quer dizer que luto pelos meus ideais que, já agora, não são meus! São de todos os verdadeiros anarquistas.
E o que é isto de ser um verdadeiro anarquista? Bem, é simples: é defender valores universais. Sim, não são meus, são de todos! É defender a liberdade responsável de todos, sem excepção!
Somos todos seres humanos, todos temos os mesmos direitos e responsabilidades, independentemente de tudo o resto: credo, cor da pele, idade, sexo, nacionalidade, etc.
Já agora, há uma palavra africana interessante que traduz esta ideia: ubuntu. Conhecem?
E, agora, vem a parte interessante: “perigosamente ideológico”, disse M.
É verdade, do ponto de vista das sociedades actuais, sou “perigosamente ideológico”, pois não me desvio destes valores, mesmo sofrendo as respectivas consequências, dado que, nos nossos dias, poucos gostam de pessoas com ideias claras e que lutam por elas!
Somos os tipos estranhos, pois não somos cinzentões, como a maioria da sociedade.
Temos coragem de dizer NÃO, de discordar, de argumentar, de investigar, de estudar e de fundamentar posições!
Não queremos tudo para nós, nem embarcamos em modas. Questionamos!
Lutamos por todos, para que TODOS possamos ter um futuro melhor!
E isto, meus amigos, é ser anarquista, algo que a sociedade, enganada, não sabe o que é! Algo que os partidos/governos não querem que saibam!
Isto é ser-se “perigosamente ideológico”.
Sejamos, todos, PERIGOSAMENTE IDEOLÓGICOS e deixemos de destruir o futuro dos nossos filhos e impeçamos que outros o façam!
Ninguém o irá fazer por nós, especialmente esses em que a maioria, iludida, confia!